Os Primeiros Raios da Fé em Criciúma: A Mão Divina em Ação
O ano de 1939 marcou o início de uma jornada espiritual singular em Criciúma, com a chegada de Maria do Carmo em setembro, seguida por sua mãe, Vitalina Joaquina de Sena dos Anjos, em dezembro. Jovens mulheres tocadas pela graça divina em Imbituba, ambas já traziam consigo a semente da fé evangélica. Maria do Carmo, aos treze anos, havia experimentado a transformação em Cristo, um testemunho vivo que floresceu no coração de sua mãe. Ao chegar a Criciúma, aos dezoito anos, para se unir ao pai que iniciava seu trabalho nas minas de carvão, Maria do Carmo carregava consigo um chamado, um propósito que transcendia os laços familiares e se conectava ao plano eterno. A fixação da família em Criciúma, com o pai estabelecido no trabalho, preparava o terreno para o florescer da obra divina.
Em 1943, o cenário se expandiu com a chegada de Maria Rodrigues, vinda de Joinville já como assembleiana, acompanhada de seu esposo Pedro, inicialmente alheio à fé. O encontro providencial de Maria Rodrigues com a irmã Ana Frida Balod, da igreja batista, revelou o nome do Missionário Orlando Boyer, residente em Tubarão, um instrumento nas mãos de Deus para os primeiros passos da igreja em Criciúma. As cartas fervorosas de Maria Rodrigues ao Pr. Boyer pavimentaram o caminho para 1944, quando os primeiros cultos domésticos, singelos encontros de oração, ecoaram na casa de Maria Rodrigues, ministrados pelo próprio Pr. Boyer, um arauto da fé com pouca familiaridade com a língua local, mas com um coração ardente pela missão.
A união de Maria Rodrigues e Vitalina dos Anjos, duas mulheres movidas pela paixão pela salvação de almas, tornou-se um dínamo de oração e evangelização, clamando pelo crescimento da obra na cidade. Deus, em Sua providência, enviou o Pr. Isaac Kolenda Lemos para substituir o Pr. Boyer, e em meados de junho de 1945, a luz do Evangelho brilhou publicamente em Criciúma. O primeiro culto oficial testemunhou a primeira conversão na terra criciumense, com o Sr. Acendino Martins, residente em Siderópolis, rendendo sua vida a Cristo no apelo fervoroso do Pr. Lemos, um marco na história espiritual da cidade.
Essa primeira reunião evangelística, um evento singelo mas de significado eterno, foi organizada pela fé e ousadia de Maria Rodrigues e amigas não crentes, que colaboraram na preparação de um espaço humilde em frente à antiga estação de trem, local que hoje abriga o terminal de ônibus, na mesma rua do atual templo sede. No mesmo ano de 1945, a provisão divina se manifestou na chegada de três dedicados evangelizadores de Cerquilho (SP): Sebastião Motta e sua esposa Josefa, juntamente com o amigo do casal Augusto da Silva. O trabalho voluntário desses servos de Deus, somado ao esforço incansável de Maria Rodrigues e Vitalina dos Anjos, e o apoio pastoral do Pr. Isaac Kolenda Lemos, impulsionaram um crescimento surpreendente da fé pentecostal em Criciúma, Siderópolis e arredores.
O crescimento da obra demandou cuidado pastoral, e o Pb. Adalberto Schlemper foi enviado pela Convenção para atender provisoriamente a igreja em seus primeiros meses de florescimento. Em 1947, a transição regional trouxe o Pr. Antoniêto Grangeiro Sobrinho para liderar o campo de Tubarão, que incluía a crescente congregação de Criciúma. Sob sua liderança, os primeiros pontos de culto surgiram, e o primeiro templo, um espaço alugado na ADC, abriu suas portas. As águas do batismo, um símbolo da nova vida em Cristo, foram derramadas pela primeira vez no Rio Jordão, em Siderópolis, um local escolhido em meio à perseguição, com o próprio Pr. Antoniêto Grangeiro oficiando o rito sagrado.
De 1947 a 1951, o Pr. Antoniêto Grangeiro Sobrinho reconheceu o chamado de Deus na vida do Pb. José Serafim de Borba, nomeando-o obreiro local responsável pela congregação em Criciúma. De 1951 a 1952, o Pb. Sebastião José Motta assumiu essa responsabilidade, sempre sob a supervisão atenta do Pr. Grangeiro. Em 1952, com a mudança do Pb. Motta para Lages, o Pr. Antônio Lemos chegou a Criciúma, inicialmente como dirigente. Mas no ano seguinte, em março de 1953, um novo capítulo se iniciou com a emancipação da Assembleia de Deus em Criciúma, e o Pr. Antônio Lemos tornou-se o primeiro pastor presidente da ADC, um marco na consolidação da obra.
A partir desse momento, a obra de Deus em Criciúma se expandiu em diversas frentes, com inúmeros pontos de pregação sendo atendidos por obreiros locais que haviam abraçado a fé na cidade. São incontáveis os nomes daqueles que, com corações rendidos a Cristo, plantaram e regaram a semente do Evangelho, e cujos nomes estão agora escritos no livro da vida, nos céus. Em 1949, a igreja conquistou seu primeiro templo próprio, um testemunho visível da provisão divina. Em 1956, ergueu-se o segundo templo, seguido pelo terceiro em 1970 (com a instalação do relógio em 1969, um símbolo do tempo de Deus na cidade) e, finalmente, o templo atual em 2005, um monumento à fidelidade do Senhor ao longo das décadas.
Assim se desenrolaram os primórdios de uma história extraordinária, não meramente escrita por mãos humanas, mas traçada com a tinta da graça e do amor de Deus, um testemunho vivo do Seu poder transformador e do Seu eterno propósito para Criciúma.